Um filme que ou você ama ou você odeia, "Eu
Matei minha mãe" foi escrito, dirigido, produzido, e até
protagonizado por um cara só: Xavier Dolan.
Seu primeiro filme depois de vários curtas-metragens premiados chamou bastante
atenção da crítica e dividi opiniões principalmente porque é encarado como um
desabafo cinematográfico.
Título Original: J'ai tué ma mère
Direção: Xavier Dolan
Gênero: Drama, Cinema Independente
Ano: 2010
Minha Avaliação (0-10): 8,5
Hubert (Xavier Dolan) tem 17 anos e não ama sua mãe. Além de só ter olhos para o gosto kitsch, as roupas bregas e pequenos detalhes como a forma que ela come, ele a vê com desprezo. Os mecanismos de manipulação e a culpabilização empregados por ela também não lhe passam desapercebidos e Hubert se vê progressivamente tomado por uma relação de amor e ódio fora do seu controle. Confuso, ele vaga pela adolescência ao mesmo tempo marginal e típica, repleta de descobertas artísticas, experiências ilícitas, amizades e sexo.
O filme começa e na primeira cena você fica sem saber como reagir já que a primeira discussão dos dois já está acontecendo e o filme ainda nem fez 5 minutos. A narrativa relata a relação explosiva e complicada de Hubert (Xavier Dolan) e sua mãe Chantale.
A raiva que Hubert sente dela é mostrada de uma forma tão intensa e real que fica difícil posiciona-lo como dramático, a relação de ambos piora ainda mais quando ele conhece a mãe de Antonin, seu namorado, já que a liberdade que ela dá para ele é tudo que Hubert gostaria de ter em casa.
Imagino que, às outras pessoas, odiar a mãe pareça um pecado. É uma hipocrisia. Estou certo de que também odiaram suas mães. Talvez um segundo ou todo um ano.
Uma coisa que me incomodou demais é que Chantale fica comparando todos e tudo o tempo todo, mas em questão de afinidade ambos os personagens são bastante irritantes, a implicância do protagonista e a ironia da sua mãe são pontos altos no drama, fica difícil ter um preferido durante as discussões já que nenhum dos dois deixa o outro para trás.
Nos olhos de Hubert a gente consegue ver a repulsa que ele sente e como é incrível a capacidade dele se irritar com ela, por outro lado Chantale não é a personagem que nos faz ter pena, ela é dramática, irritante e a sua ironia chega a dá dor nos nervos em qualquer um.
Mas apesar de tantas características que o filme
apresenta, Eu Matei Minha Mãe não é um filme de ódio e não devemos levar o
nome para o literal (não acontece nenhum tipo de morte a não ser a metafórica),
fica claro que ele ama sua mãe, e muito. Algumas cenas como a conversa entre os
dois quando Hubert está drogado ou a despedida de quando ele vai para o
internato mostram o quanto é real o sentimento colocado no filme provocando
afinidade para quem tem alguma relação parecida ou só compreende o quão difícil
deve ser.
-O que você faria se eu morresse hoje?
-Morreria amanhã.
Um ponto que gera bastantes opiniões são
as transições feitas por imagens aleatórias e os flashes da infância de Hubert,
já que são impostas em momentos que não tem a ver com o que está acontecendo realmente.
Hubert não tem raiva de sua mãe por ela não fazer suas vontades, é
visível que ambos estão perdidos, um tentando recuperar a proximidade que
existia quando eram mais jovens e outro procurando sua independência e provando
do que sua adolescência oferece.
O filme é realmente muito bom, apesar de que a vida
dos personagens não é muito bem explorada.
A fotografia é linda, parece que foi passada uma
camada de efeito do vsco durante o filme e o enquadramento é ótimo.
O roteiro é realmente muito bom construído
gradativamente e tem suas melhores partes no início e no final.
Apesar de todos os aspectos visuais serem incríveis
e não pecar em nenhum momento, o foco do filme maior é no emocional.
Eu Matei Minha Mãe representou seu país no Oscar, ganhou três
prêmios em Cannes e o Prêmio da crítica no Palm Springs Internacional Film
Festival.
Odeie quem você quiser e diga o que quiser, você tem razão. Talvez seja o melhor. Odiei muita gente também e não morri. Continuo viva.